Natal, o que te aconteceu?

Rodrigo observava atentamente o grande relógio de parede da sala de estar, contando minuciosamente todos os segundos até ao esperado momento. Faltavam agora 15 minutos para a meia noite do dia 24 de Dezembro. A ansiedade deste rapaz de apenas 8 anos aumentava a cada minuto que passava. Será que vou finalmente receber aquele jogo de consola que todos os meus amigos falam? Eu gostava mesmo era de receber um tablet para finalmente jogar os meus jogos num ecrã maior.

Ao seu lado, sentada no sofá estava Maria, sua irmã, dois anos mais nova, que estava distraída a ver uns vídeos infantis no telemóvel da mãe. O primo Joel, de 14 anos, estava sentado no cadeirão e não largava o telemóvel, mandando mensagens e postando no facebook. Já a sua prima Luísa de 7 anos estava a brincar com o tablet dos pais.

Sentados à mesa estavam os seus pais que olhavam atentamente para os seus telemóveis, respondendo a mensagens de Natal e vendo as atualizações nas redes sociais. As mães e a avó já tinham levantado a mesa e estavam agora na cozinha arrumando toda a loiça do jantar.

O avô José estava sentado à cabeceira da mesa de jantar e analisava atentamente todo aquele cenário da véspera de Natal. Enquanto o fazia, recordava a sua infância e os seus Natais em família. Lembrou-se dos seus pais, irmãos e avós. Lembrou-se como passavam o tempo nessa altura em que não existiam telemóveis, computadores, nem sequer televisão. Nesse tempo as pessoas juntavam-se todas à mesa a conversar pela noite dentro, por vezes jogavam cartas e as crianças iam para a cozinha ajudar a preparar todos os petiscos de Natal ou então ficavam na sala a escutar as histórias que os avós contavam. E teve saudades, ai como teve saudades! O que aconteceu ao Natal? Pensou.

De repente a avó entrou na sala e disse em voz alta:

– Meninos, está quase a chegar à meia noite. Vamos lá fora ver se o Pai Natal já chegou?

Estranhamente nenhum dos miúdos a ouviu e isso ainda entristeceu mais José. Estava cada um em seu canto distraído com as novas tecnologias. Subitamente lembrou-se do fato de Pai Natal que tinha comprado no ano em que Joel tinha nascido.

– Já é meia noite, onde está o pai natal? – perguntou Rodrigo minutos mais tarde – Quero ver as minhas prendas.

A sua irmã e seus os primos levantaram-se rapidamente.

– Mãe, mãe, o pai natal já chegou? – questionou Luísa.

– Sim, já é meia noite. Vamos lá abrir os presentes. – pediu Joel.

O pai de Rodrigo e Maria dirigiu-se à porta da dispensa, onde tinham escondido os presentes. Ainda antes de ter tempo para abrir a porta, José entrou na sala vestido de Pai Natal. Neste momento todos se encontravam na sala e fixaram-no atentamente.

– Ho Ho Ho. Feliz Natal!

– Vôvô? – surpreendeu-se Luísa.

– Sim Luisinha. Este ano vamos fazer algo diferente. – decidiu José, mostrando um baralho de cartas e um grupo de fotografias a preto e branco que guardava dos seus tempos de infância e juventude.

– Mas e as prendas? – perguntou Maria.

– As prendas ficam para depois. – pegou no comando e desligou a televisão – Agora vamos ouvir umas músiquinhas de natal? – perguntou olhando para uma das suas filhas.

A mãe de Luísa e Joel pegou no tablet e colocou uma playlist de músicas de Natal a tocar.

– Assim está melhor. – comentou a avó exibindo um grande sorriso no rosto.

– Vamos lá pousar os telemóveis e sentar-nos junto à lareira. – sugeriu José, tomando a iniciativa ao sentar-se no cadeirão da sala.

Os adultos sentaram-se no sofá e, embora contrariadas, as crianças lá se sentaram no grande tapete junto à lareira. O avô começou a contar histórias da sua infância, enquanto mostrava as suas fotos, e a conversa foi animando. A avó e os pais também se juntaram e começaram a contar as suas histórias. Entre gargalhadas e diversão, o avô decidiu ensinar uns jogos de cartas às crianças, que não faziam ideia para que servia aquele baralho. E assim se passou um serão bastante animado, com todos a partilhar as suas histórias e mais tarde a contarem às crianças qual a verdadeira razão de existir Natal. Todos adoraram aquele momento em família, e sentiram-se mais próximos e felizes, de tal forma que as crianças se esqueceram dos presentes até a manhã seguinte.

Para muitos esta é a altura mais desejada do ano, principalmente para os mais pequenotes que anseiam pelos seus presentes. Mas o que representa afinal o Natal? É preciso ensinar às crianças a razão de existir Natal, e o que esta época representa. Somos todos os dias bombardeados por um consumismo gigantesco nesta altura do ano, que até NÓS nos esquecemos qual o sentido desta quadra natalícia.

Existem cada vez mais pessoas que não gostam do Natal, porque este foi completamente banalizado e neste momento é sinónimo de consumismo. Outros nem sequer são religiosos e festejam o Natal como bons consumistas que são, porque lhes oferece uma oportunidade de reunir a família e trocar presentes. Hoje desafio-te: diz não ao consumismo!

Na realidade não interessa se és crente ou não, o que realmente interessa é que saibas o que significa esta quadra natalícia. Significa paz, amor, perdão, alegria, família, amigos, prosperidade, humildade e felicidade, e também significa ter FÉ. Se não tiveres fé, ao menos dá valor ao resto e aprecia os poucos momentos que podes partilhar com a tua família. E aproveita bem esses momentos, não penses apenas no que vais oferecer ou no que queres receber.

“Que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?”
Marcos 8:36

Aproveito para vos desejar a todos um FELIZ NATAL! Que sejam todos muito felizes na noite de Natal e em toda a vossa vida!

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